3 de novembro de 2010

Fanfic do Mês de Outubro: "O Ladrão de Beijos"

Título: O LADRÃO DE BEIJOS
Autor: FABINHO
Categoria: Challenge NFF Outubro/2010, Momento Histórico, Slash M/M, POV (Percy), 1º Livro
Advertências: Contém spoilers
Classificação: PG-13
Capítulos: 1 (one shot)
Completa: [X] Yes [ ] No
Resumo: Percy e Luke viajam no tempo numa missão para resgatar um objeto perdido de um deus e vão parar na Grécia antiga, perto de se envolverem na Batalha de Maratona, em meio às Guerras Greco-Pérsicas.

N/A 1: Como não conheço toda a saga de Percy Jackson e os Olimpianos, baseei-me apenas nas informações colhidas no primeiro livro da série para compor os perfis dos personagens centrais da fanfic, que pode ser encaixada cronologicamente no período em que Percy fica no Acampamento Meio-Sangue antes de sua missão de ir ao Mundo Inferior começar.

N/A 2: O momento histórico escolhido foi o da Batalha de Maratona, em 490 a.C., a primeira batalha das Guerras Greco-Pérsicas vencida pelos gregos ante a invasão persa, que ainda estava no começo e duraria décadas de guerra, promovida pelo imperador Dario I, que intentava ampliar os seus domínios e dominar todas as cidades-estados gregas.


O LADRÃO DE BEIJOS

Fabinho, 2010




Eu juro que não sei por que razão eu acabei me metendo nisso.

Juro que não sei por que foi que aceitei me juntar a Luke nessa aventura maluca.

Realmente não sei onde é que estava com a cabeça quando aceitei a missão daquela múmia empoeirada no sótão da Casa Grande do nosso acampamento que todos chamam de oráculo e fui à busca do relógio digital que o deus Cronos perdeu em suas viagens pelo tempo.

Ops, eu não me refiro àquele titã Cronos, o pai do meu pai Poseidon e inimigo dos deuses. Óbvio que eu não teria autorização para ajudá-lo e nem iria, se me mandassem.

Quíron me explicou que existe um Cronos ainda mais antigo que o meu avô, o verdadeiro deus do tempo e que nasceu antes mesmo dos deuses e dos titãs, antes até do que qualquer outra coisa no universo. Afinal, fora do tempo nada pode acontecer, e ele forçosamente tinha que ser a primeira coisa a surgir do caos primordial.

Só que esse cara aí inventou de perder o relógio de pulso dele na correnteza do tempo e foi parar bem na Grécia antiga! É mole?

Eu tinha mesmo sérias razões para acreditar que a minha cabeça não estava nem mesmo em cima do meu pescoço.

Só sei que estávamos o Luke e eu perdidos no meio do nada, o sol a pino esquentando minha cuca e os meus olhos irisados de vermelho olhando para o rosto dele colado ao meu com uma expressão do modo muito “Luke de ser” – pra não dizer atrevido ao extremo – sentindo meus lábios mexerem ante os movimentos da boca dele.

A raiva me subiu até a cabeça e, quem olhasse pra mim, talvez visse umas lufadas de vapor expelindo pelo crânio como as chaminés de uma Maria-Fumaça, que nem nos desenhos animados.

– Luuuuuke!

Maldição!

Somente um minuto depois que ele se jogou na minha frente e prensou os lábios nos meus é que meus Tico e Teco se deram conta do que estava fazendo. O que ele estava pensando? Por que ele tinha essas brincadeiras sem graça comigo? Luke sabe como isso me irrita!

Aliás, acho que é por isso mesmo que ele fica brincando desse jeito comigo – por que isso me irrita demais.

Mas ele nunca tinha brincado antes daquela maneira, me roubando um beijo.

– Luke, volta aquiiiii! – gritei, correndo atrás dele. Mas ele era muito rápido, muito rápido mesmo. Afinal, filho de quem era, não era pra menos.

– Calma, Percy, isso não foi nada demais – dizia ele, fazendo chiste da minha cara zangada.

– Como assim “não foi nada demais”?

A minha raiva estava a mil! Sorte a dele por não ter nenhum regato por perto para fazê-lo se afogar num punhado de água. Sorte a dele...

Falando nisso... Onde é mesmo que nós estávamos? Será que já tínhamos chegado a Maratona?

O lugar era bastante quente – não por menos, era o fim do verão e, segundo Luke havia me explicado antes de virmos para cá, o mês lunar em que nos encontrávamos correspondia ao nosso mês de setembro. Tinha muita vegetação por toda a parte, moitas verdes, ciprestes altos e algumas ramas de flores vermelhas em alguns arbustos.

Mais adiante, elevava-se uma colina maciça e, eu sentia, o mar estava lá do outro lado.

– Luke, será que falta muito ainda até o campo de batalha de Maratona?

Ele se virou pra mim com seus olhos bastante iluminados por causa da claridade do dia e tive mais uma vez aquela sensação estranha.

Não sei bem o que podia ser, mas uma coisa era certa: Luke mexia comigo e eu tinha medo do que isso pudesse significar.

Ele é o meu conselheiro no Acampamento Meio-Sangue, pow! É normal eu admirá-lo e gostar de ficar perto dele. Tenho aprendido muitas coisas com o Luke, mas... mas... Por que é que fico esquisito toda vez que Annabeth fala dele com os olhos cheios de brilho e a voz dela até muda?

Não! Aquilo era só mesmo admiração da minha parte e ciúme de amigo. Tirando o Grover, Luke era o único cara que me olhava sem querer arrancar a minha pele por esbarrar pelos corredores ou me entregar para a Direção da escola quando algum professor legal não pretendia fazer isso por eu não ter concluído o dever de casa.

Não quero de modo algum desmerecer a preciosa amizade do meu companheiro sátiro, mas a minha identificação com Luke era diferente. Ele era meio-sangue como eu, sem falar nas suas pernas humanas. É sério: recomendo a quem seja que jamais olhe para o Grover sem as calças...

– Luke...?

– Shhh... Se abaixa, Percy!

Eu fiz o que ele pediu e corri para trás dele, escondido atrás de uma moita bem verde.

Vindo em nossa direção, vimos um homem jovem correndo como se os obstáculos do chão não fizessem diferença alguma para ele. Nossa, como ele era veloz!

– Se ficarmos aqui parados ou andando a esmo não vamos concluir a nossa missão.

– Eu sei, mas não demoraríamos tanto se você parasse de me perturbar – sussurrei no mesmo tom que ele.

– Sabe do que é que você tá precisando, Percy?

– Do quê? – perguntei sinceramente inocente.

– Disso...

Smack!

Eu me levantei horrorizado de novo com aquilo. Bem, não exatamente horrorizado pelo beijo, mas pela ousadia dele, que não tinha fim!

Luke sabia que não esperaria outro beijo naquele momento. E eu ainda estava distraído com aquele cara que estava correndo em nossa direção e...

Ops! O cara!

Eu me virei para o lado e o cara que corria estava bem ali, de pé, com a espada empunhada em atitude de defesa. Não sei quem foi que mais se assustou: eu por tê-lo visto com aquela arma comprida, cortante e pontiaguda apontada para mim ou ele, que me viu saltar assustado de uma moita com os olhos vidrados de raiva, a boca aberta numa careta e o cabelo despenteado.

Sinceramente, eu não sei.

– Quem é você? Um persa? – gritou o estranho para mim, mas mais estranho ainda é que o grego antigo que ele falava não soava tão incompreensível nos meus ouvidos. As aulas no acampamento com Quíron pareciam surtir efeito, finalmente.

– P-p-persa, e-eu? – gaguejei.

– Ei, ei, ei, pra quê tudo isso? – Luke disse, levantando-se da moita com as palmas das mãos levantadas.

O corredor levava a ponta da espada para meu amigo e para mim, alternadamente, os olhos fixos em nossos movimentos.

– Outro? Vai me dizer que não é persa também? E, se não são, devem ser espiões pagos pelos persas!

– Nada disso – continuou Luke. – Não somos persas, não somos espiões, não somos inimigos. Nós só estamos perdidos.

– De onde vocês são, então?

– Hã... Do oeste.

– Do oeste? Pelo sotaque forte de vocês, devem ser de muito longe. Não devem ser do oeste da Grécia, mas... Seriam de fora? Da Sicília?

– Isso! – eu tomei a palavra, sentindo-me mais aliviado por ele estar caindo na nossa conversa. – Viemos bem de longe, da Ilha da Sicília mesmo – tentei ser convincente simulando um sorriso que sabia não ser tão “verdadeiro” quanto o de Luke.

O estranho abaixou a espada e guardou com presteza a lâmina na bainha presa a uma correia que envolvia o seu corpo, ensombrado pelas abas largas do chapéu com as tiras amarradas sob o queixo. Agora sim eu respirei realmente aliviado.

– Vocês não parecem mesmo persas, apesar dessas roupas esquisitas. – De repente me dei conta de que ainda vestíamos calças jeans, camisetas coloridas e tênis nos pés. – Desculpem-me, mas, sabem como é... Todo cuidado é pouco nesses tempos de guerra – disse-me ele, estendendo a mão para mim.

Levei minha mão à dele para apertá-la, mas ele estranhou e esticou ainda mais o braço, segurando perto do meu cotovelo.

Ah, era um antigo cumprimento grego e eu havia me esquecido. Apertei o braço dele também e, em seguida, o estranho e Luke fizeram a mesma coisa.

– O meu nome é Fidípides – apresentou-se ele.

– O meu é Percy e o dele é Luke.

Olhei para o meu amigo e, por um instante, pensei que ele estava fora de si e somente o corpo continuava conosco.

– Luke?

Voltei-me para Fidípides, mas ele estava do mesmo jeito. Um parara de frente para o outro, os olhos vidrados entre os dois.

Droga! Estou tendo aquele sentimento de novo.

– Oh, desculpe, Percy. Fidípides, somos viajantes e cronistas – mentiu o meu amigo – e estamos em busca de novas histórias para registrar. Como a guerra contra os persas começou há poucas semanas e eles são muito numerosos, acreditamos que ainda teremos muito que ver e registrar em nossos escritos.

– Tudo bem. Estou vindo de Esparta depois de pedir ajuda aos governantes da cidade na luta contra o inimigo, mas...

– Mas...? – Luke tentou se mostrar realmente curioso, embora ele fosse a pessoa que mais conhecesse sobre as Guerras Pérsicas que eu conhecia, depois de Quíron. Tudo o que você quisesse perguntar sobre esse momento histórico, ele saberia te responder.

– Mas eles disseram que não viriam.

– Por quê? – perguntei, estranhando essa atitude dos espartanos, considerados os maiores guerreiros da Grécia antiga.

– Por que, eles me explicaram, estavam num período especial do calendário deles em que não podem se envolver em guerras e só poderão atender nosso pedido daqui a uma semana. Já estou até vendo a cara do meu general quando eu lhe contar isso...

Fidípides deu de ombros.

– Ah, e tomem cuidado vocês por essas estradas.

– Por quê? – Luke perguntou. – Por causa dos persas?

– Não só por eles, mas também por causa do deus Pan.

– Pan? – Luke e eu gritamos em uníssono.

No mesmo instante me lembrei de Grover e de seu sonho de ser um buscador, um sátiro com a missão de buscar o “grande deus Pan” – como eles diziam – que havia se perdido no mundo há uns dois mil anos e dado como morto, coisa na qual os sátiros não acreditam e continuam a procurá-lo, geração após geração.

No entanto, no ano em que Luke e eu estávamos – 490 a.C. – ainda faltava muito para Pan desaparecer (ou morrer) e ele estava vagando livre por aí, pelas montanhas da Grécia.

– Ele se queixou comigo por que é que os atenienses não o honram, como fazem aos outros deuses.

– E o que você disse? – quis saber.

– Eu? O que é que um mortal como eu diante do grande deus das florestas poderia dizer? Tive que prometê-lo que assim que voltasse a Atenas a nossa cidade passaria a honrá-lo, senão eu sabia que iria conhecer o autêntico poder do “pânico”.

Grover já havia me explicado sobre o pânico, não aquele pavor que a gente tem durante uma semana inteira depois que assiste à primeira versão de “Sexta-Feira 13”, mas o verdadeiro pânico – a aura do mais profundo pavor que se sente quando se está diante de Pan e ele solta o seu grito.

Dizem que ele é capaz de se fazer ouvir dentro de uma floresta inteira dessa forma. A floresta, é claro, continua de pé, mas as pessoas tomadas pelo poder de Pan jamais voltam a ser as mesmas.

– Desculpem, meus amigos, mas preciso ir. O dia já vai pela metade e ainda tenho muito que correr. Vou a Maratona, onde os atenienses estão enfrentando o exército de Dátis, o almirante da esquadra persa e um dos comandantes do exército inimigo sob o poder do rei Dario.

– Tudo bem. Entendemos que você tem uma missão importante pra realizar – falou Luke. Os olhos dele estavam diferentes, e ele e Fidípides voltaram a se encarar daquela forma. Hunf!

– Não querem me acompanhar?

– Não precisa. Você é muito rápido e está com muito mais pressa do que nós.

– Tudo bem, então. Até a vista, amigos. Se os deuses quiserem, ainda nos veremos por essas estradas.

– Até – respondeu Luke.

– Até – eu também disse.

Fidípides era realmente muito rápido. Em poucos segundos, apenas víamos a sua silhueta se desmanchar na estrada de pedra ao longe na direção leste, com o efeito do calor que emanava do chão borrando a nossa visão.

Cheguei mais perto de Luke, e perguntei:

– O que foi aquilo?

– Aquilo o quê?

Aquilo...! Vocês pararam duas vezes olhando um para o outro e se esqueceram de tudo, até de mim.

Os olhos do meu amigo se abriram muito voltados para mim. Eu sabia que lá vinha mais uma de suas brincadeiras.

– Está com ciúmes, Percy? Hahahahaha...

– Ciúmes? Eu?

Meu Deus, eu não queria, mas tinha certeza de que minhas bochechas estavam bem vermelhas. Eu podia senti-las queimar.

Eu lhe dei as costas e comecei a pisar forte no chão com meus passos, seguindo a estrada na mesma direção que Fidípides tomara instantes atrás.

– Pára, Percy. Não precisa ter ciúmes...

Eu senti a mão de Luke sobre o meu ombro e ele me deteve. Continuei de costas para ele e de cabeça baixa, tentando esconder o meu rubor com a franja do cabelo.

– Já falei que não estou com ciúmes!

Sem largar o meu ombro, Luke me disse:

– Fidípides é meu irmão.

Irmão?

– Ou, melhor, meio-irmão. Ele também é filho de Hermes.

– Como você sabe? Há algum registro disso nos livros do acampamento?

Mesmo sem me virar para ele, eu sabia que Luke fez um “não” com a cabeça.

– Bastou olhar para ele, Percy, e, quando apertamos as mãos, eu tive a certeza.

– Ele também te olhou da mesma forma – tentei não soar ciumento. E, sim, eu estava com ciúmes.

– Ele deve ter sentido a mesma coisa, mas não sei se também sabe que é filho de Hermes.

De fato, ele corria rápido demais para um ser humano comum. Acho que também notei algo de diferente nele.

– E por que você não perguntou se ele era mesmo filho do seu pai?

– Por que não devia. Fidípides estava em missão e não podíamos segurá-lo mais. O sucesso dele é muito importante para a vitória dos gregos sobre os persas. Não temos o direito de alterar a História.

– Entendo...

– Acredita que ele tem quarenta anos de idade?

– Quarenta? – Eu não acreditei! – Pensei que ele fosse só um pouco mais velho que você, com uns vinte ou vinte e cinco anos.

– Essa é uma das vantagens de ser filho de Hermes. Parece que permanecemos jovens por mais tempo que as outras pessoas.

Luke deu alguns passos pra frente e se voltou para mim. Vi sua mão avançar até meu queixo e erguer meu rosto, dando de cara com o seu sorriso. O cabelo cor de areia dele parecia ainda mais bonito sob o sol forte e o brilho nos olhos até que desviava bastante a atenção da cicatriz branca debaixo do olho direito que descia até o queixo.

Eu não sei o que sinto pelo Luke.

– Não vai me beijar de novo, vai?

Eu fiz a minha cara mais enfezada pra ver se ele entendia cada palavra da minha objeção. Mesmo assim, me preparei para tudo. Com Luke, a gente sempre tem que se preparar para tudo.

– Não.

– Não?!

Eu me assustei comigo mesmo. Temi que o meu “não” soasse como uma decepção.

– Eu já te roubei dois beijos. Se os quiser de volta, vai ter que vir pegar. – Luke alargou o sorriso e me deu as costas, andando na minha frente com um ar de “eu sou foda”.

– Ora, seu...

Corri para surpreendê-lo por trás, mas ele foi mais rápido que eu e se desviou, postando-se atrás de mim.

De supetão, Luke me ergueu com seus braços fortes do chão e me tomou no colo. No susto, abracei o pescoço dele com força e nossos rostos ficaram muito próximos. Parece que a pele dele absorvia todo o calor do sol – e a minha também, por que eu a sentia queimando. E eu gosto do seu cheiro.

Meu Deus, acho que minhas bochechas jamais estiveram tão vermelhas!!!

– Segure-se firme, Percy, por que agora nós vamos voar... Maia! – ele gritou a palavra mágica que ativava as asas brancas do seu tênis Converse All Star e levantamos vôo.

– Luuuuuke!


FIM
~X~
Esse mês o Need For Fic está entrevistando o Fabinho, vencedor do concurso do mês de outubro.
NFF: Fabinho, você se destacou esse mês por escrever tantas e tão excelentes fics históricas. Fale pra nós como foi essa experiência e o que significou esse desafio desse mês.
Fabinho: Nossa, acho que se apenas disser que este foi o tema que mais gostei desde que entrei no NFF no início do ano já seria o suficiente, mas gostaria de dizer um pouco mais.

Eu sempre gostei de praticamente todas as matérias escolares que já passaram na minha vida, mas História - aliada à Geografia, que também é um elemento quase sempre presente na forma de pesquisa nas minhas histórias - sempre foi a minha preferida. E o meu interesse aumentou ainda mais quando, ainda criança, comecei a ler os textos dos livros didáticos de História como "histórias" narradas por alguém, como se fosse um conto para dormir e sonhar em seguida, do mesmo modo que os desenhos animados tinham esse poder sobre mim.

Escrever fanfics históricas foi resgatar todo o meu histórico de vida, "visitando" cada um dos períodos que mais amo e estudei, embora tantos outros não puderam ser contemplados (ainda).

NFF: Pode contar um pouco para a gente como você começou a escrever fics?
Fabinho: A minha história com fanfics começou quase ao mesmo tempo em que comecei a conhecer a internet, cerca de 10/11 anos atrás.

A princípio, o meu interesse era somente ler, ler e ler, e as primeiras fanfics que li foram todas de Cavaleiros do Zodíaco e - tcharans! - yaoi (histórias centradas em relacionamentos homoafetivos masculinos; eu ainda não conhecia o slash do Ocidente, que é diferente do yaoi, embora tenham características básicas em comum).

Daí foi um pulo para ter vontade de me arriscar em algumas historinhas e enviar para alguns foruns dos mais conhecidos na época (cujos nomes não me lembro direito, rsrs) e, claro, eu estava achando o máximo.

NFF: Fale um pouco de sua vida de ficwriter antes de depois do NFF.
Fabinho: Embora estivesse gostando de começar a escrever fanfics (pois era uma forma de mexer nas histórias que tanto amava conforme a minha vontade), não me aprofundei nisso e, também, os estudos na faculdade não me permitiam me dedicar como queria, fora que o único fandom que me interessava na época (Cavaleiros do Zodíaco) não estava mais tão ativo, graças à paralisia que acometeu a série de anime durante anos e anos.

Daí, depois desse ano inicial, simplesmente parei de escrever e acabei perdendo as minhas histórias gravadas em disquetes (já que na época eu não tinha computador próprio e usava os da faculdade).

Até perdi os endereços dos fóruns de que participava, até reencontrar um deles, justamente aquele em que havia publicado todas as minhas poucas histórias até então, e, Jesus, vi como eu escrevia mal...

Passado mais algum tempo sem escrever e nem ler fanfics (e põe tempo nisso), a minha dedicação exclusiva no fandom de Cavaleiros do Zodíaco se resumia a fazer fanarts e escrever artigos sobre a cultura em torno do mesmo para comunidades no Orkut. Daí foi um pulo para que começassem a me chamar para fóruns novamente e, através do fórum Axia (onde tinha parco contato com fanfics, mais com fanarts e artigos mesmo), a dona do fórum - que não é ninguém mais, ninguém menos que ShiryuForever94 - me convidou para o NFF no comecinho deste ano, já sabendo ela da minha vontade de explorar outras formas de literatura homoerótica além do yaoi.

E o meu chamariz foram as fanfics de Supernatural, seriado que conhecia apenas de alguns episódios da primeira e da segunda temporadas pelo que assistia no SBT. Claro, fora de ordem e sem entender nada.

Mesmo assim resolvi aceitar o convite, pois já estava começando a ficar enjoado de internet, orkut e afins, e descobri um universo tão vasto de histórias de todos os tipos aqui no NFF que simplesmente não consegui resistir e estou aqui até hoje.

Aliás, desde aquele ano inicial (uns 10 ou 11 anos atrás) que não havia escrito uma história sequer, mas tive coragem de fazê-lo depois de entrar no NFF e, por incrível que parecesse, as pessoas estavam gostando das minhas histórias, e, depois de muito tempo, comecei a aceitar que realmente elas estavam boas, graças à receptividade e às críticas do pessoal daqui.

Hoje tenho dezenas e dezenas de histórias publicadas no fórum (acho que apenas uma não é exclusiva daqui) e não tenho vontade alguma de parar.

O meu objetivo agora é ter a minha primeira história de ficção publicada como livro.

NFF: Qual a sua influência para escrever?
Fabinho: Olha, eu leio tanto de tanta coisa que fica um tanto difícil de definir o que tem influência no que eu escrevo, mas acho que posso enumerar alguns nomes.

Para começar, os clássicos - como Homero (a Odisséia é um show de narração fantástica e de descrições minuciosas), Dante Alighieri (A Divina Comédia), Camões (Os Lusíadas), Victor Hugo (Os Miseráveis), Camilo Castelo Branco (Amor de Perdição), Raul Pompéia (O Ateneu, lirismo à flor da pele), Oscar Wilde (O Retrato de Dorian Gray, praticamente uma pintura em forma de palavras), Adolfo Caminha (Bom-Crioulo), Álvares de Azevedo (praticamente toda a sua obra), Cruz e Souza (idem), José de Alencar (idem).

Outra fonte literária que às vezes me interessa ler é a Bíblia. Como nâo sou religioso, gosto de ler as histórias do Antigo Testamento (em especial) como narrativas lendárias e mitológicas, e, convenhamos, a literatura bíblica tem uma narração poderosíssima, cheia de significados, com personagens imortais no imaginário das pessoas e temas que tocam a todos nós.

Dos autores mais recentes eu destaco Anne Rice (Entrevista com o Vampiro; O Vampiro Lestat), Dan Brown (O Código Da Vinci), Carol Lynne (Possibilidades) e, ultimamente, Rick Riordan (Percy Jackson e os Olimpianos), que, por sinal, algumas pessoas chegaram a me comparar a ele por causa da fanfic vencedora do Concurso Fanfic do Mês de Outubro/2010, "O Ladrão de Beijos". Mas, por favor, ainda estou muito longe de um Riordan da vida...

Infelizmente, a literatura contemporânea brasileira não tem me interessado.

NFF: Que fandom que você ainda não escreveu, mas gostaria de se arriscar num futuro?
Fabinho: Um que eu queria muitíssimo, mas não tinha coragem, era o fandom de Padackles, ship real formado por Jared Padalecki e Jensen Ackles, os protagonistas do seriado de TV "Supernatural". Porém, graças ao Fanfic do Mês de Outubro pude realizar esse desejo, respirando fundo e publicando "Padalecki", que também teve uma boa receptividade.

O mesmo vale para Percy Jackson, para o qual escrevi minhas duas primeiras fanfics este mês e para o concurso, com o ship Lukercy (Luke & Percy), fora uma tradução do mesmo ship que fiz creio que no final de setembro, também com Lukercy.

Agora, a minha vontade é de começar a escrever fanfics de Brothers & Sisters, Merlin, Smallville, alguns animes/mangás e HQ's/cartoons em que ainda não me arrisquei e, ah, um projeto de "slash bíblico" que estou há meses querendo escrever.

Fora isso, também tenho um outro projeto de contar em forma de fanfics a vida e os grandiosos feitos do maior herói da mitologia grega: Héracles. Este será, sem dúvida, o meu maior projeto até então.

NFF: Por fim: escreva uma mensagem de agradecimento aos leitores do NFF.
Depois de tudo o que já falei mais acima, que praticamente foi uma declaração de amor ao NFF, só tenho mais a dizer que, aqui, o que você imaginar existe, mas, se não existe, você mesmo pode criar e tornar realidade, tomando como ferramenta as palavras e suas possibilidades infinitas.

Assim, quero dizer não só aos leitores, mas também a todos os escritores, tradutores, moderadores, administradores (e todos eles também não deixam de ser leitores, não é) que a minha vida hoje tem outro significado, depois que conheci o forum.

Tenho amigos que, até o momento e em sua maioria, conheço "apenas" por um nickname, mas em quem penso todos os dias como se fossem pessoas com quem convivo pessoalmente.

A minha principal fonte de leitura e de entretenimento, hoje em dia, é com certeza o NFF, onde tenho contato com alguns dos melhores talentos que já vi ultimamente - e que até batem em qualidade muitos autores publicados por aí (sério!).

Então, por tudo isso e por tudo o mais que ainda viverei aqui com vocês no NFF, quero agradecer a todos e a todas, pois vocês fizeram e fazem a diferença em minha vida, com toda a certeza.

Um muito obrigado de todo o meu coração, e que suas almas se sintam beijadas por mim neste momento.

9 comentários:

  1. OMG, que emoção!! /o\

    Muito obrigado pelo cuidado com a publicação do texto aqui no blog, pessoal.

    Foi um grande prazer ter participado do challenge e agora ver um dos meus filhos mais queridos disponível para toda a internet ler.

    Um grande beijo a tod@s.

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  2. OMG

    Eu li :putz:

    Slash!!

    Mas eu li :putz:

    Fabinho, escreve tão bem que eu leio até as suas slash, mesmo eu não gostando de fc slash

    Ouro merecido nessa fic

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  3. Vc mereceu, Padawan :nho:

    Essa fic tava genial.

    Parabéns! Curta os louros de um trabalho muito bem feito :wink:

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  4. Poxa, foi um orgulhinho (como diz a tia Márcia) ter um representante de Percy Jackson como ganhadora do concurso.
    Mas, o que mais me impressionou foi a sua capacidade pra escrever essa put* fic mesmo só tendo lido o primeiro livro da série.
    Você pegou tão bem o jeito do Percy com as tiradinhas, o Luke perfeitinho também... sem contar a aula de Mitologia que está um show a parte.

    Parabéns mesmo por esse ótimo texto e pela continuação dele. Só espero que venha mais, senhor Fabinho.... :hitler:

    ^o^

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  5. Valeu demais, meninas!!! \o/

    Muito obrigado por suas palavras de apoio e, fiquem tranquilas, por que, se depender de mim (ou melhor, DE TODOS NÓS), PJ vai crescer ainda mais no fórum...

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  6. Claro que vim ler... Tem como não ler pérolas produzidas pela mente delirantemente brilhante do Fabinho? Detalhe que, no filme, com Jake Abel no papel de Luke, fica ainda melhor, pois ele é lindo, pra dizer o mínimo. O jeito sarcástico... Adorei, mesmo, merecidamente a fanfic do mês.

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  7. Muito obrigado, Shi!! *aperta muito*

    Apesar de o filme tomar liberdades demais em relação ao livro, eu o amei, e uma das principais razões disso foram justamente os autores, como Logan Lerman (Percy) e o Jake Abel (Luke).

    *gritinhos* kkkkkkkkkkk...

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  8. :horror: Tinha que ser esse emote pra expressar! Que leendo! [e que lerda, eu, que pasei um mês pra vir ao blog, ô raio de blogueira!!!]

    Meu Soulmate só me dá orgulho!

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  9. OMG, só agora que eu vi o comentário da minha Soulmate... :emux:

    Se voce demorou um mês, eu demorei mais de meio ano... :hebe:

    Beijão, Soulmate. Te amo horrores!!!!! :horror:

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