10 de outubro de 2010

Maratona Lie To Me: 1ª Temporada completa (1x01-13)

por Eduardo Oliveira (Wateru)

A terceira temporada de Lie To Me começou no dia 04 de outubro, devido ao cancelamento de Lone Star. Antes das reviews, postarei as reviews da maratona com a 1ª e a 2ª temporadas. A de hoje é o resultado da maratona de 13 episódios da 1ª temporada da série, e logo planejo postar a segunda. Em seguida, começarei as reviews semanais.
  

Pilot (1x01)
Como muitos outros seriados, o piloto deste mostrou que segue a fórmula das tramas investigativas: suspeitas de crime, vítimas sendo acusadas, pessoas andando para lá e para cá com pastas na mão e falando suas versões sobre o acontecido, ao melhor estilo CSI/House/Cold Case... Isso não significa, no entanto, que Lie to Me seja mais uma série clichê dentre todas as outras: a abordagem das investigações é, como nos outros seriados supracitados, inovador – os crimes são “solucionados” através do estudo de microexpressões no rosto e nos gestos dos acusados. O humor refinado do Dr. Cal Lightman traz o diferencial deste seriado – não tão desvirtuado quanto o Dr. Gregory House (House), e muito menos puritano que a Det. Lilly Rush (Cold Case) – que, talvez por puro azar, traz a mesma abordagem de uma série anterior, Angela’s Eyes. De qualquer forma, Lie to me alcançou um sucesso muito maior que sua “antecessora”.

De início, parece que a série já demonstra um pequeno elenco fixo, composto de quatro membros do The Lightman Group e uma secretária. Há algo bom nesse elenco, que é o fato de várias pessoas desempenharem a mesma função no grupo – podendo render boas brigas e discussões. E, falando em elenco, algo que realmente me surpreende nessa série é a ousadia: eles ousam ao inserir imagens e vídeos de pessoas reais na série, com uma intenção “nem sempre” boa – na verdade, as celebridades só aparecem para exemplificar gestos e microexpressões que acusam mentiras. Outro ponto está na qualidade exigida dos atores – fixos ou não – já que estes deverão seguir todas as regras da linguagem corporal na hora de atuarem. Já que eles não estão mentindo, e sim seus personagens, não haveria motivos para que seu corpo reagisse como o de um mentiroso – sendo assim, eles têm que se preocupar com cada gesto que fizerem, e isso é realmente louvável.

Quanto aos casos, não se pode dizer que são novos ou surpreendentes. Eles envolverão, logicamente, mais enganação do que propriamente técnicas de assassinato ou coisas assim – é tanto que, no desvendamento do primeiro crime, não foi necessário aferir corpos ou nada parecido: o foco dos crimes será sempre a mentira e a tentativa de esconder algo. Admito que, no momento do “bilhete azul”, eu já sabia o que ia acontecer – Dr. Cal dizendo que James havia se matado, sendo que ele estava vivo. Mas não culpo a série por isso: talvez eu saiba identificar mentiras no rosto de quem as diz.

Moral Waiver (01x02)
 
Quando se tem uma série como essa, em que a maioria do tempo é na solução de casos que não envolvem o enredo-base, fica mais fácil – ou mais difícil – fazer uma review. Mas nota-se que, de forma alguma, a trama principal é deixada de lado. Eu imaginava que atritos como esse entre Ria e Cal fossem acontecer, já que, como uma “natural”, é realmente difícil para um homem da ciência como Lightman simplesmente aceitar a superioridade inata da latina.

Outra coisa que percebi foi uma desmistificação, logo no segundo episódio, da moral das personagens. Como outros por aí, Cal não liga muito para ser certinho, mas interessa-se com a verdade. O que acho realmente legal nesse seriado é que será bastante difícil que alguém deixe passar alguma mentira dentro daquele centro.

O episódio me fez realmente pensar que o sgto. Scott era homossexual. Acho que a intenção foi realmente essa, e conseguiu me surpreender. Quanto ao caso de Earl, consegui “prever” o desmembramento da história. E imaginei que a Dra. Gillian fosse fazer algo daquele tipo para o ex-jogador. Como disse antes, eles não são tão certinhos assim – às vezes mais legais, às vezes mais malvados.

As últimas cenas mostraram que ainda tem muita coisa por vir. A “vingança” de Ria acabou rendendo mais do que ela imaginava. E quem iria pensar que o dr. Cal fosse chegar a esse ponto para incriminar alguém, hein?

A Perfect Score (01x03)
 
Bem... Quanto aos casos, não tenho muito o que dizer: só que eu já sabia que a velha usava botox – sem trocadilhos, mas... Estava na cara – e que o pai da garota estava mentindo. Quanto ao enredo principal, gostei da relação de Cal com a filha – e cada vez mais aprecio a honestidade do Eli. E, como sempre, Ria surpreendendo-se com as reações impetuosas do Dr. Lightman.

Falando em Ria, ainda acho que ela e Eli (sem trocadilhos) poderiam ter o lado pessoal mais explorado. Tudo bem que as missões já tomam um tempo enorme, mas não seria impossível que sua família – ou seu passado – viessem à tona. Como sei que a série já tem duas temporadas completas, é bem provável que isso aconteça.

Love Always (01x04)
 
Uma coisa realmente me impressionou: o tempo ia passando, e nada de aparecer um segundo caso. Foi aí que eu percebi que o caso seria realmente complicado. Mas também, com tantos “suspeitos”, é realmente difícil. Achei ótima a comparação com o vídeo de Bill Clinton. Estou realmente tentado a descobrir que segredo o noivo da Gillian guarda, não parece apenas um caso amoroso, já que ele parecia estar tão desesperado... Coitada da Ria, não sabe o que fazer. Espero que ela abra a boca e conte pra Gillian tudo o que sabe.

Achei bom a Ria ter achado alguém pra finalmente se divertir. E quanto ao caso, eu nunca pensei em suspeitar daquele cara. Na verdade, é até difícil fazer isso quando ele só aparece no final. Eu ainda não sei onde esses roteiristas arranjam tanta criatividade...

 O que me deixa triste em séries investigativas é que o culpado nunca responde diretamente. Chega a ser engraçado: quando ele se depara com uma pergunta poderosa, no lugar de dizer “fui eu”, começa a enumerar os motivos.
- Foi você quem atirou nele? – o Dr. Pergunta.
- Eu estava muito deprimida... – a assassina responde.

É só um exemplo. Só coloquei aqui pra mostrar que, se isso virar regra, chega a ser cômico.

Unchained (01x05)
 
As revelações da trama principal foram se revelar, mesmo, apenas no final. E olha que fiquei curioso quando ao que o Cal tem a falar. Estou achando interessante essa capacidade do diretor em buscar pontos obscuros em enredos variados.

Em relação aos casos, eu sabia desde o começo quem era o culpado. O rosto do tenente, na hora do aviso que ele faria a entrevista, foi inconfundível. E, quanto à Holly, a primeira coisa que me veio a cabeça foi que ela queria a libertação de Trillo para fazer justiça com as próprias mãos. É, parece que estou aprendendo muito com Lie to me.

Ainda acho que seria necessário um maior distanciamento dos “crimes” abordados nesse seriado. Acho que eles deveriam ser mais específicos, passíveis de solução apenas pelo estudo das expressões, fatores psicológicos e alterações na fala. O caso dos bombeiros, por exemplo, acho que um CSI resolveria o caso. Em contrapartida, achei maravilhoso que não tenha havido nenhum crime envolvido no caso de Many – apenas fatores impossíveis de identificar na ausência dos detectores de mentira.

Do no harm (01x06)
 
Eu logo imaginei que Gillian tivesse algum sentimento maternal por algo passado. E foi realmente o que aconteceu. E, nossa, Eli mentiu! Isso é um grande passo para a série, realmente.

E, como eu queria, os casos estão indo para uma vertente mais específica: continuam sendo crimes, mas sem envolver assassinatos ou cadáveres – coisas que outros seriados poderiam abordar muito melhor.

Algo que achei furado nesse episódio foi que, mesmo percebendo que a psiquiatra escondia algo, eles não investigaram a fundo! O que aconteceu com o sempre infalível sentido do Dr. Cal?

O bom da série é o contrabalanço que a Dra. Foster faz no grupo. Imagine se ela não estivesse lá para mostrar o possível lado “inocente” das pessoas?

The Best Policy (01x07)
 
Geralmente, eu começo pelo fim, dizendo que gostei do final, e esse episódio não poderia fugir à regra: empolguei-me com os últimos segundos, em que Cal dá vazão a novas descobertas no seriado até o fim dessa temporada.

Lie to me conseguiu vencer um desafio de séries investigativas, unindo os casos com a vida pessoal dos protagonistas – como foi o caso de Jeffrey Buchanan – mas ainda “manca” em outro quesito: o de integrar a equipe em ambos os casos. É como se fossem dois grupos diferentes: Gillian e Eli trabalhando com a embaixada do Iêmen e Gil e Cal investigando a Ribocore. Mesmo que Gillian aparecesse nas duas, acho que um pouco da integração de House poderia aparecer aqui.

Definitivamente, Cal saiu da minha ideia inicial. Ele se mostrou ardiloso e pronto a fazer a coisa certa, independente de suas implicações. Se implicar mal, simplesmente não é a coisa certa – como pude ver na declaração que ele fez a Ria. Realmente, faz sentido não interferir na vida de colegas de trabalho em um grupo de cientistas que descobrem mentiras e sentimentos no rosto das pessoas. Mas parece que Cal não aguentou e foi atrás.

Depraved Heart (1x08)
 
Até agora, esse foi o episódio mais tenso. Cal brigando com Gillian, Gillian dando bronca em Ria, Ria odiando a atitude de Eli, Eli mentindo para Gillian... E o empurrãozinho que Lightman deu na Torres pode até ter sido leve, mas foi carregado de muito mistério. Coitada, parece que ela ainda não se adaptou muito bem ao sistema do Grupo Lightman – já que ela ainda tenta ir contra os “interesses maiores” dos chefões. Eli também, mostrando-se muito ousado ao tentar enganar a todos com aquela atitude: talvez o passado dele também tenha alguma culpa.

Talvez essa tal “paciente” seja a protagonista do sofrimento de Cal nos primeiros episódios. E acabei ficando confuso com essa história de ela ser a avó da filha dele – por parte de pai ou de mãe?

Pelo que percebi, o padrão dessa série é o seguinte: quando o roteirista resolve enfatizar os principais, ele põe casos fracos e de uma solução relativamente fácil (e estranha também): como foi que a polícia deixou passar a informação de que as indianas suicidas haviam dado à luz? E como a personalidade de Gillian daria essa reviravolta toda, colocando o interesse financeiro em primeiro lugar, em detrimento da inocência de alguém que seria acusado injustamente?

Não que eu realmente ache que ela está ficando “malvada”, mas que ela deveria pensar mais um pouco, em uma maneira de conseguir o dinheiro e incriminar a pessoa certa. É por isso que eu digo: o nome desse episódio foi bem condizente com todo o seu decorrer.

Life is Priceless (1x09)
 
Achei muito interessante a abordagem de um assunto tão batido em seriados americanos: o soterramento de trabalhadores – não imaginava que eles conseguissem resolver o assunto apenas identificando mentiras – que, realmente, é o que sempre acontece.

De vez em quando, me pego identificando aspectos da série que deveriam ser tratados como um todo – por exemplo, acabo de notar que, devido às expressões obrigatórias dos personagens, a série fica muito mais plausível – pois eles são “obrigados” a se portar como as pessoas realmente se portam. Resumindo: podemos acreditar nos atores de Lie to me, e não posso dizer o mesmo a respeito de outras pessoas.

Dois pontos interessantes sobre o episódio: no início, a aparição de Lightman pareceu totalmente por acaso, e somente depois descobrimos que ele foi contratado pela FEMA; no final, o gesto de “engolir” de Cal aguça a mente dos espectadores – que, se acompanharam a série desde o início, sabem do que se trata a expressão.

Algo interessante no segundo caso – que posso chamar de “caso secundário”, já que quase não foi explorado – era que o empresário estava enganando a si mesmo quanto ao amor que sentia por sua noiva. Mesmo que tenham sido pouquíssimas cenas, esse caso não deixou de ser interessante.

Better Half (1x10)
 
Pelo menos nesse episódio, Lie to me alcançou o que eu não queria: uma trama de investigação entre várias pessoas, em que as suposições vem e vão a todo o tempo, pessoas acusam umas às outras, e no final as pessoas certas são presas com uma musiquinha tocando no fundo e os inocentes as observando. O caso dos rappers foi legal, mas o do incêndio não foi a cara da série – talvez eles tenham colocado essa questão de seguro imobiliário para contextualizar com a crise econômica dos EUA, mas não convenceu muito bem.

Às vezes eu imagino que isso tenha sido proposital, usado somente para focalizar mais na relação entre Cal e a ex-esposa – cujo final, aliás, me surpreendeu. Notei um pouco mais de independência em Ria e Eli, e parece que Cal confia mais nela – mesmo que de forma inconsciente. Mas ainda acho que eles estão escondendo muitos segredos pessoais, que serão revelados no decorrer da história. Só queria saber quando o resultado da pesquisa de Lightman no finalzinho do episódio 07 virá à tona – e quando ele vai ter coragem de contar tudo para Gillian.

Undercovers (1x11)
 
Não sei se foi só eu, mas não consegui entender o final do caso dos policiais – Kuransky era um dos Sleepers? Não fez sentido para mim – mas gostei do que aconteceu com o Eli: Cal foi bem correto ao ponderar sobre a participação de Ria nessa situação, por ser realmente uma vítima. Outra coisa que também não entendi foi o segredo do marido da Gillian – o que tem a ver o fato de ele usar cocaína com os sumiços dele pela noite mentindo para ela? Foi outra coisa que não entendi. Pelo menos meus desejos foram “atendidos”, pois mostraram o resultado da investigação. Mas o que me surpreendeu mesmo foi o aparecimento do namorado da Ria – que pensei que tivesse desaparecido! E quanto ao caso de Cal com Zoe? Não entendi se a filha descobriu ou não. Agora só resta esperar pelo resto, porque esse episódio definitivamente me deixou confuso.

Blinded (1x12)
 
Estou assustado com o poder do Lightman. Ele é realmente bom – pena que, por um plano tão demorado, ele tenha exposto as pessoas em volta, e isso é complicado. De qualquer forma, achei que já estava demorando para que ele confrontasse um criminoso serial. Ainda bem que foi só uma encenação, porque se ele realmente estivesse com raiva da Ria daquele jeito, não seria legal – principalmente depois do jeito que ele a defendeu para o Eli. E, falando em Eli, realmente merecido que ele a ajude nas tramoias erradas dela. Mais um episódio de um só caso – mas esse realmente merecia.

Algumas cenas foram previsíveis, como a de Gillian saindo sozinha à noite – eu sabia que era ela quem seria pega – mas o interessante é que ela não estava na faixa de idade apropriada para o criminoso: pelo menos, foi algo que desestabilizou a “invulnerabilidade” dos membros do Lightman Group (que agora será melhorada por sua nova aquisição: o a gente Reynolds. Gostei disso.), mas não a comprometeu, e isso é o mais importante. Quanto à solução do caso, eu nunca imaginaria que fosse o marido da vítima. Eu realmente imaginei que algo estivesse errado, já que

Sacrifice (1x13)
 
Um final de temporada que, simplesmente, não pareceu um final de temporada. Toda a conversa sobre os terroristas e a vida de Dupree não pareceu encerrar um ciclo. De certa forma o episódio foi bom, porque trouxe conflitos à tona, explorou núcleos menores (como o de Ria e seu namorado, Gillian e seu marido, o trabalho de Eli e a família de Cal), mas deixou faltarem alguns aspectos de final de temporada, como grandes revelações ou uma reviravolta na vida dos personagens. Talvez ele seja considerado apenas como um episódio antes do “hiatus”, mas nada que justifique a sua neutralidade.

O que me surpreendeu: Emily fazendo como o pai dela – dizendo a Gillian que ela não pensava aquilo.
O que eu não gostei: o “take” do Cal andando pelos corredores do Lightman Group no final: ficou tão clichê que chegou a ser cômico.

Mas tudo bem. Por uma série boa como essa, eu relevo.

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