30 de agosto de 2010

Emmy Awards 2010


Setembro está chegando e com ele o tão aguardado fall season, mas antes de todos se deliciarem com o retorno de suas séries favoritas, a Academia de Artes & Ciências Televisivas americana premia os melhores da temporada. Para variar, o 61º Emmy Awards começou parodiando a sensação do momento, Glee.

O VT com Jimmy Fallon, apresentador desse ano, e o elenco do seriado foi extremamente engraçado. A voz de Fallon cantado ficou no mínimo esquisita. Tudo bem que são usados playbacks para gravar, mas além de estar desincronizado, ainda parecia que tinham colocado algum cantor profissional, enquanto Jimmy dublava.

A participação de Jane Lynch, devidamente caracterizada como a malvada e amoral Sue Sylvester, foi hilária. Ela jogando um belo copo carregado de raspadinha na cara do apresentado e depois em Tina Fey fez toda a cena ficar ainda mais cômica. Outro destaque foi o Jorge Garcia. Foi uma surpresa ver que ele cantava tão bem, e mais surpresa ainda vê-lo dançando (um dos fortes candidatos ao “Momento Vergonha Alheia” desse ano, emparelhado cabeça a cabeça com Jimmy Fallon tentando reproduzir a capa do disco “Born in The USA” do Bruce Springsteen).

Comédia

Nessa categoria o campeão da noite foi “Modern Family” levando prêmio de Melhor Comédia. Tirando a Sofia Vergara, que linda demais, não dá para entender o que a Academia vê em uma série que abusa dos clichês. Tem o velho casado com latina mais nova e mais fogosa que a antiga esposa, tem a típica família americana e o casal de gays (que está virando uma obrigação ter um em todo seriado) que adotou uma criança de outro país (é tosco, com um monte de criança empilhada nos orfanatos, porém isso virou moda entre os homossexuais nos States). Mais clichê e chato impossível.
Mas não é só isso. É esquisito. Diferente de Glee, por exemplo, 90% das situações roterizadas seriam difíceis de acontecer no cotidiano de qualquer um que assista a sitcom. Isso está cheirando a uma tentativa de forçar um aumento na audiência, assim como fizeram com “The Hurt Locker” no Oscar.
Alguém explica o porquê de Chris Colfer, com atuações sempre brilhantes em Glee, ter perdido para Eric Stonestreet? O personagem de Stonestreet parece mais uma cópia casada e obesa do memorável Jack McFarland de “Will and Grace”. Ainda bem que Jane Lynch e Ryan Murphy venceram, respectivamente, em Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Diretor. Pena o Matthew Morrison não ter levado em Melhor Ator, mas só um milagre para conseguir bater Jim Parsons e seu afetado e meticulosamente bem feito Sheldon Cooper em “The Big Bang Theory”.
Para encerrar, a vitória de Edie Falco sobre Lea Michelle como Melhor Atriz. Apesar de estar ótima com sua pernóstica, porém adorável, Rachel Berry, há uma diferença entre ela e a vencedora desse ano: Lea não precisa carregar a série nas costas. Nurse Jackie tem um elenco de razoável a bom, a série só é o que é hoje, porque Falco consegue segurar todo mundo e ainda faz com que o roteiro tenha sentido (E se bobeasse, Edie ainda dirigiria todos os episódios. A mulher é praticamente uma mistura de Bombril com Veja Limpeza Pesada de tão versátil).

Drama

Essa foi à melhor categoria, mas não porque tivesse as melhores séries e sim porque ninguém adivinharia o resultado. O pessoal das casas de apostas e os jornalistas que cobrem a área devem ter errado todas as previsões.

A maior parte dos especialistas e palpiteiros dizia que, como foi a última temporada, “Lost” ganharia todos os prêmios, que seria praticamente imbatível, pois a Academia iria fazer uma homenagem àquela que mudou os parâmetros da televisão moderna e essas baboseiras que falam quando um seriado termina. E mesmo tendo uma temporada aquém do esperado e deixando boa parte da perguntas levantadas sem responder, chegaram a dizer que “Lost” era novo “Star Trek” (Se você acredita nisso, pare de ler esse texto AGORA.).

Erraram. E erraram bonito. Lost não levou nada, nadinha, zero, niente. Nem Terry O’Quinn, queridinho dos fãs, dos juízes e favorito sempre que concorria, se salvou. Perdeu para Aaron Paul de “Breaking Bad” em Melhor Ator Coadjuvante. Matthew Fox também não ganhou como Melhor Ator. Será que ele achava que venceria um embate entre Michael C. Hall, (recém-curado de um câncer linfático), Hugh Laurie (favorito do público) e Bryan Cranston, (vencedor com o surtado Walter de “Breaking Bad'”)? Sério, se o Fox pensava que tinha alguma chance, ele é do mesmo time da Xuxa que acredita em duendes. (Se o Matt aprendesse a chorar direito, quem sabe...)

Kyra Sedwick passou a perna em Glenn Close e sua inescrupulosa Patty Hewes de Damages e foi coroada como Melhor Atriz. Essa foi uma das categorias mais equilibradas desse ano, porém a Kyra deu um banho na temporada passada de “The Closer”. As neuroses e os maneirismos de Brenda Lee Johnson são ótimos, o espectador realmente compra que ela é atrapalhada daquele jeito, e mais uma vez Sedwick prova que não interessa se está na TV aberta ou a cabo, o que importa é a qualidade.

Ah ia esquecendo. Ótima a expressão de “boi pastando” de Damon Lindelof e Carlton Cuse quando foi anunciada a vitória de “Mad Men” como Melhor Drama. Deu para lembrar de Friends, quando a Rachel ensinou o Joey a fazer cara de bom perdedor quando se perde um prêmio. Eles ficaram olhando um para o outro, provavelmente pensando: “Temos que cancelar a festa da vitória”.

Variedades

John Stewart provou que tirar sarro de político sempre é bom. Ele deixa de lado o lugar-comum da comédia com o assunto, que é criar um personagem para parodiar alguma figura da área, e ataca de maneira irônica e engraçada a situação. Tudo bem que Stewart venceu ano passado na mesma categoria de Melhor Programa de Variedade, Música ou Comédia, mas é o único que consegue fazer comentários ácidos sem parecer que foi obrigado a dizer aquilo. Também, o único rival do “The Daily Show” era o Saturday Night Live, que perdeu a graça desde que Tina Fey saiu, levando junto Amy Pohler e Tracy Morgan.

Telefilmes e Miniséries

Sem sombra de dúvidas, o grande vencedor da categoria foi a HBO e seu filme “Temple Grandin”. O drama, baseado em uma história real, levou todos os prêmios importantes como Melhor Filme, Melhor Atriz com Claire Danes, Melhor Diretor com Mick Jackson. A película só perdeu Melhor Ator, que foi para Al Pacino, que estava incrível em “You Don’t Know Jack” e Melhor Roteiro que também foi para o mesmo filme.
O resultado não trouxe nenhuma novidade. “Temple Grandin” era o favorito da noite e tem um enredo realmente emocionante, apesar disso, não tinha condições de combater a originalidade do roteiro vencedor.

Coisas que valem a pena ser assistida de novo

- As paródias feitas por Fallon para homenagear as séries que se encerraram: Lost, 24 horas e Law & Order.

- O discurso de Jane Lynch, agradecendo Ryan Murphy e o elenco de Glee.

- A cara de "eu já sabia" do Tom Hanks quando “The Pacific” ganhou melhor minisérie.

- Jorge Garcia cantando e dançando

Um comentário:

  1. Imperdível no Emmy 2010 foi a introdução com a galera de vários seriados homenageando claramente Glee.

    E Jim "Sheldon Cooper" Parsons levar o prêmio de melhor ator de comédia. Mais do que merecido! Ainda acho que Matthew Morrison tem que comer muito feijão com arroz pra isso.

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