22 de novembro de 2010

Dos escombros de Pagu



“Dos escombros de Pagu” é um imenso convite a conhecer Patrícia Rehder Galvão. Para quem nunca ouviu falar nela ou mesmo para quem a conhece como “a mulher que tirou Oswald de Andrade de Tarsila do Amaral” ou como a “primeira presa política do Brasil”. Porque nesse monólogo baseado no livro homônimo de Tereza Freire o expectador vê essa personagem tão fascinante da nossa História abrindo o seu coração e contando a sua trajetória àqueles que estão na platéia.

Essa peça nos leva a conhecer a jovem Pagu, aquela que nunca se adequou à Escola de Normalistas e nunca se dispôs a ser esposa de algum estudante da faculdade de direito, sonho de muitas mulheres de sua época. A Pagu musa da semana de 22. A Pagu mãe. A Pagu mulher. A Pagu jornalista e escritora.

Mas principalmente a Pagu militante. A visão de mundo e a luta política de Pagu, que foi algo que marcou sua vida de forma definitiva também é o norteador dessa peça. Somos levados a conhecer a sua luta política e todas as perdas e ganhos que isso trouxe a ela.

Infelizmente eu fiquei sabendo dessa peça, que ficou em cartas no Teatro Eva Herz, na livraria Cultura do Conjunto Nacional até o dia 18 desse mês, somente um dia antes. Porque seria uma honra dividir e convidá-los a prestigiar esse lindo e intenso monólogo. E, mais do que isso, em conhecer essa mulher que ficou relegada ao limbo de nossa História.



Mas gostaria de destacar muito o texto de Tereza Freire, que também fez o livro que foi mencionado acima. Apesar de eu ter discordado de alguns pontos históricos levantados por ela, é importante falar que foi realmente um texto bem elaborado e rico, que leva o espectador a se apaixonar pela personagem.

Destaque também a trilha, que marcou firmemente as passagens de narração do diálogo. Músicas muito bem escolhidas. Fiquei particularmente emocionada com a canção Non, Je Ne Regrette Rien de Edit Piaf, executada no fim do monólogo, e que levou o público a uma explosão de alegria e êxtase.

Também é importante destacar a atuação de Renata Zhaneta, que deu vida à Pagu de forma incrível. Mesmo sendo um monólogo, ela conseguiu manter a atenção do público a todo momento. A caracterização é incrível e bem verossímil. Uma das partes que mais chamam a atenção é o momento em que ela solta os cabelos e faz aquela maquiagem que tanto marcou Pagu.

Por fim, quero reforçar o que disse inicialmente. “Dos escombros de Pagu” é um convite a conhecê-la à fundo. E, no final do monólogo, somos convidados a falar sobre ela. A levar a voz dela para outras pessoas. E esse é um dos grandes méritos da peça: incitar o espectador a conhecê-la e fazer com que outros a conheçam.

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