6 de setembro de 2010

Teatro: O DESPERTAR DA PRIMAVERA




Não sou fã de musicais. Nunca fui. Dá pra contar nos dedos quantos eu gosto. Cinco, eu acho. E todos de cinema: Mágico de Oz, Cantando na Chuva, Noviça Rebelde, My Fair Lady e South Pacific.  E mesmo agora, totalmente apaixonada por Glee, eu ainda olho musicais com desconfiança.

Thali (vulga Faith Fatum Black) me convidou para ver o musical –versão português, of course – do sucesso da Broadway “Spring Awakening”, traduzido quase literalmente por O Despertar da Primavera. Meu casal favorito de Glee foram protagonistas, e então achei que seria legal ver.  Mesmo que tivesse que imaginar, Groff e Lea no palco.


Eu e Thali nos encontramos no metrô e descemos para o shopping Frei Caneca. (Havíamos comprado os ingressos um mês antes.) E depois de chegarmos um pouco atrasadas, porque os elevadores não chegavam ao andar do teatro, e as escadas só seriam liberadas depois que o espetáculo começasse, nós nem conseguimos ver a primeira parte de peça juntas. Perdi a Thali no escuro. Ela conseguiu achar nossos lugares e eu não. Fiquei sentada bem lá trás, e vi todos as minhas chatices e meus preconceitos sobre musicais serem levados embora conforme a peça passava.

Era a última apresentação do elenco em São Paulo, então o público aplaudia no final de cada música, torciam e berravam. Não sei dizer se aquela foi uma apresentação diferente das anteriores, Thali – que vi outras vezes – disse que sim.

E eu assisti algo que não imaginei. Achei que seria algo chato e conservador. Mas pelo contrário, foi instigante e divertida, apesar de um pouco previsível.

O Despertar da Primavera conta a historia de Wendla e Melchior, dois adolescentes encarando o fim da inocência. Assim parece clichê mas, do jeito que a história foi levada, não é. A história se passa no fim do século 19, época que as mães não tinham um papo aberto com suas filhas e todo tipo de perversão acontecia embaixo das máscaras da sociedade burguesa. Melchior, o protagonista, é determinado, bonito e carismático. O tipo de cara que faz cabeças virarem. E ele se gaba por saber o que os outros não sabem, por ler tudo em livros. E nessa brincadeira que ele muda o destino de duas pessoas: seu melhor amigo e de uma amiga de infância, por quem se apaixona. O destino do trio é trágico e infelizmente óbvio. Nenhuma historia de amor e descobrimento, onde dados são jogados, acaba impune.

A história é linda e apaixonante. É divertida, sexy, adulta, ousada, tem palavrões e sexo simulado. É algo muito, completamente, diferente do que já vi em musicais.

As músicas são lindas e a melodia maravilhosa, puro rock n’roll. Méritos para os vencedores do Tony, Duncan Sheik e Steven Sater. E quem passou as letras para o português também está de parabéns.

Thali se acabava de chorar ao meu lado (sim, nos encontramos no intervalo), assim como varias meninas estavam as lagrimas. Não cheguei a me emocionar. Acho que para me emocionar, é preciso a surpresa. Não sei. Não consegui.

As atuações também têm seus méritos. Ainda há quem tenha que aprender, mas já há estrelas naquele elenco. Afinal, ator de musical tem que ser melhor que os outros. Tem que ter uma habilidade que outros não têm, que é cantar. Destaque para Pierre Baitelli, que faz Melchior; Thiago Amaral e Felipe de Carolis, dois meninos que se apaixonam; e Leticia Colin, na minha opinião, a melhor de todos ali.

Depois da peça, Thali me fez ficar ao menos uma hora esperando a chance de tirar fotos com o elenco. Não sou tão tiete.

Mas eu adorei. Quem sabe marco com a Thali de ver Cats. Adoro gatos.

O Despertar da Primavera
De Charles Möeller e Claudio Botelho, adaptado do original Spring Awakening
Adaptação por Duncan Sheik e Steven Sater para o formato musical da peça homônima de Frank Wedekind, de 1891.

2 comentários:

  1. Que inveja de vc vendo esse musical. Não sou mt fã de musicais tb, mas queria ver só pq a Lea e o Groff eram os protagonistas na versão americana :va:

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  2. Excelente review. Queria ter a oportunidade de assistir peças assim por aqui. Ainda tenho que ter uma opinião propria quanto a musicais. Terei que assistir mais alguns, hehe.

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