Título: KARDIA SKORPIOU – O Coração do Escorpião
Autor: FABINHO
Categoria: Concurso NFF II/2011, Curtindo a Vida Adoidado / Mentiras; Slash (M/M); The Lost Canvas; Presente de aniversáriomuito atrasado para THEKA TSUKISHIRO
Advertências: Spoiler (da biografia de Kardia)
Classificação: PG-13
Capítulos: 1 (one shot)
Completa: [X] Yes [ ] No
Resumo: A vida era curta demais para deixar os sonhos para depois.
Tema (s) utilizado (s): Curtindo a Vida Adoidado
Itens utilizados: "A vida passa rápido demais, e, se você não parar de vez em quando para vivê-la, acaba perdendo seu tempo" (Curtindo a Vida Adoidado) | "Vou experimentar tudo o que possa, não quero me ausentar do mundo" (Clarice Lispector) | "Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Quero uma verdade inventada." (Clarice Lispector) | “Não faças da tua vida um rascunho. Poderás não ter tempo de passá-la a limpo” (Mário Quintana) | “Até nas coisas mais banais, pra mim é tudo ou nunca mais” (“Exagerado”, Cazuza) | “Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida” (Sócrates) | “Não acrescente dias a sua vida, mas vida aos seus dias” (Harry Benjamin) | “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos” (Charles Chaplin)
Autor: FABINHO
Categoria: Concurso NFF II/2011, Curtindo a Vida Adoidado / Mentiras; Slash (M/M); The Lost Canvas; Presente de aniversário
Advertências: Spoiler (da biografia de Kardia)
Classificação: PG-13
Capítulos: 1 (one shot)
Completa: [X] Yes [ ] No
Resumo: A vida era curta demais para deixar os sonhos para depois.
Tema (s) utilizado (s): Curtindo a Vida Adoidado
Itens utilizados: "A vida passa rápido demais, e, se você não parar de vez em quando para vivê-la, acaba perdendo seu tempo" (Curtindo a Vida Adoidado) | "Vou experimentar tudo o que possa, não quero me ausentar do mundo" (Clarice Lispector) | "Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Quero uma verdade inventada." (Clarice Lispector) | “Não faças da tua vida um rascunho. Poderás não ter tempo de passá-la a limpo” (Mário Quintana) | “Até nas coisas mais banais, pra mim é tudo ou nunca mais” (“Exagerado”, Cazuza) | “Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida” (Sócrates) | “Não acrescente dias a sua vida, mas vida aos seus dias” (Harry Benjamin) | “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos” (Charles Chaplin)
KARDIA SKORPIOU
~ O Coração do Escorpião ~
Fazia quase uma hora que Kardia estava sentado na poltrona da biblioteca particular de Dégel, o santo de ouro de Aquário, olhando o amigo folhear as páginas amarelas de um antigo volume impresso sobre a mesa. Os raios do sol recuaram um pouco desde que chegara ao palácio do amigo naquela tarde e este havia pedido para esperar que terminasse uma “rápida” pesquisa que estava fazendo.
– Eu já sei o que é “rápida” quando você se enfurna nessa biblioteca, Dégel. Às vezes você passa dias aqui e ninguém te vê.
– Por favor, Kardia. Eu estou fazendo essa leitura desde cedo e já estou terminando o livro – retorquiu o outro, sem olhar para a cara de espanto de Kardia quando entendeu que o amigo tinha lido aquele livro enorme em menos de um dia.
Voltando a olhar o antigo relógio de madeira fixado na parede, Kardia constatou que já se passara mesmo uma hora e não agüentou mais. Ergueu-se da poltrona e se postou por detrás de Dégel, levantando-o pelos braços e fechando o livro. Ainda faltavam umas vinte e cinco páginas para o santo de Aquário terminar a leitura.
– Já chega. Você vai perder o juízo desse jeito.
– Kardia, o que você...?
– Dégel, tudo em excesso faz mal, não sabia disso? E agora vamos! Dá pra ver como você está pálido de tanto que não toma sol.
Kardia, o santo dourado de Escorpião, arrastou sem muita dificuldade o companheiro de armas para fora do palácio e desceu com ele as escadarias das Casas do Zodíaco sem muita resistência.
– Muito bem, Kardia de Escorpião, já estamos aqui fora. E agora, o que pretende?
– Bem, eu só havia pensado em tirar você daquela biblioteca. O resto ainda não sei – respondeu o outro num gesto quase infantil, nada que lembrasse o mais terrível e ardoroso guerreiro do Santuário de Atena.
Mesmo sem seus trajes especiais – as sagradas armaduras de ouro forjadas pela deusa da sabedoria nos tempos mitológicos – todos os presentes diante da dupla sabiam quem eram os dois e os temiam, especialmente o de trejeitos mais abertos e espontâneos. Era Kardia, o homem que, com apenas uma unha, era capaz de levar à morte ou à loucura uma pessoa depois de torturá-la da forma mais sádica possível. Mas todos atestavam a sua honradez: ele só se permitia ser mau com quem era mau.
– E você simplesmente me arrasta dos meus livros para não fazermos absolutamente nada? Você não tem senso de inutilidade, não, Kardia?
– Calma, amigo! Eu só queria poder passar um tempo com você.
– Como assim? – perguntou Dégel quase sem graça. Kardia ficou vermelho assim que percebeu o teor de suas palavras.
– Bom, err... É que fazia tanto tempo que não andávamos juntos, não treinávamos juntos. As pessoas até têm comentado que os melhores amigos do Santuário não eram mais amigos.
– Que absurdo!
– Era o que eu dizia a eles, mas você também precisa fazer a sua parte.
Agora era Kardia quem jogava a batata quente nas mãos do parceiro. Ah, a terrível astúcia escorpiana...
– O que é que eu vou fazer se o meu coração bater forte demais, Dégel...?
A voz de Kardia saiu quase num sussurro, apenas para Dégel ouvir. Apelar para o seu problema de saúde era baixo até para o santo de Escorpião, chantagista nato, mas Dégel não tinha como declinar daquilo.
– Kardia, se sabe do perigo, por que se expõe tanto? – admoestou.
– Porque eu quero viver, Dégel.
O Aquário quase havia se esquecido dessa faceta do amigo. Mesmo tendo nascido com uma doença incurável no coração, ele costumeiramente se expunha a situações de risco e era Dégel quem sempre ia socorrê-lo, gritando com ele por que agia desse jeito. “Quer morrer?”, perguntava irritado. “Por que faz isso?”
“Porque eu quero viver”, era o que sempre respondia.
Tomando o amigo pela mão, Kardia correu com ele na direção do cemitério do Santuário, o lugar em que estavam sepultados os heróis do passado em túmulos bastante simples, na terra mesmo, marcados por lápides grotescas em que se liam apenas o nome do guerreiro (geralmente um nome especial, escolhido pelo próprio guerreiro), o nome da sua constelação protetora e o nível hierárquico a que pertencia – ouro, prata ou bronze. Na parte mais elevada se via um pequeno templo colunar onde se faziam os rituais de rememoração dos mortos. Por onde se olhasse, a grama verde tomava todo o espaço entre as colinas.
– Por que me trouxe aqui, Kardia? – Dégel estava deveras curioso.
Os olhos do Escorpião pareciam mudados. Ele estava mesmo neste mundo?
– Eu nunca te contei, Dégel, mas este é o meu lugar preferido no Santuário.
– Seu lugar preferido? – queria entender o outro.
– Para mim, não há lugar melhor para se pensar na vida e em como ela é curta. Mais do que qualquer outro no Santuário, eu tenho a consciência de que minha vida pode se extinguir a qualquer momento. Sei disso desde o dia em que nasci.
Kardia fez mais uma pausa e desceu pela grama. Estavam sozinhos. Raramente alguém ia até lá. O coração do Escorpião deu uma batida mais rápida.
– Olhando para todos esses túmulos, tudo o que eu sinto é um desejo ainda maior de viver o mais intensamente possível. Por isso eu ajo desse jeito louco, como você diz.
– Por isso você é como é – começava a compreender o outro.
– Quando eu desejo uma coisa, Dégel, eu desejo de verdade. Quando eu procuro uma coisa, me dôo de corpo e alma nessa busca e nada pode me impedir.
– E eu sou testemunha disso. É uma das suas qualidades mais admiráveis.
Kardia virou-se para ele e sorriu. Sorriu o sorriso mais luminoso que Dégel jamais viu.
– Obrigado, Dégel. Mas do meu melhor amigo eu queria ter muito mais que a admiração.
Antes mesmo que dissesse essas palavras, Dégel já havia lido naqueles olhos safirinos o seu anseio mais secreto. Como reagir a eles?
– Kardia...
O Aquário desceu o suave declive pelo mesmo caminho do amigo e deu-lhe a mão quando o outro pediu. A mão de Kardia estava tão quente...
– Eu sinto muito por demorar tanto em perceber.
– Acho que eu é que devo me desculpar, Dégel. Sempre fui tão exageradamente aberto que talvez, quando eu me esforçava por te fazer entender os meus verdadeiros sentimentos, você não os via.
– Eu é que somente me chateava com você.
– Você apenas se preocupava comigo, como sempre se preocupou.
A mão de Kardia estava mesmo bastante quente e isso não era normal. Dégel se inquietou quando constatou que a pulsação levemente percebida na ponta dos dedos do Escorpião se elevava.
– Kardia, você está bem?
Novamente aquele sorriso de Kardia, que o fazia parecer estar em outro mundo. Talvez fosse verdade que todo escorpiano transitava entre o mundo dos vivos e o dos mortos com a mesma facilidade. O olhar cristalino do amigo não deixava dúvidas: sim, Kardia vivia entre os dois mundos e talvez fosse por isso que ele não temia a morte.
O mais emotivo dos dois levou a mão ao peito, apertando a camisa, mas sem esboçar dor alguma no rosto.
– Kardia, o seu coração...!
– Não se preocupe, Dégel. Eu sempre soube que seria assim quando esse momento chegasse.
– Do que você está falando?
– Algumas das vezes em que você me socorreu fazendo meu coração esfriar com o seu poder de controlar as baixas temperaturas foi porque eu ficava imaginando este dia, o dia em que abriria o meu coração para você, mas dizia que havia passado mal por treinar demais.
– Kardia... Por que não me disse antes?
– Dizer, Dégel? Eu queria que você sentisse.
Dégel não sabia o que dizer diante de tudo aquilo. Ele viu a mão de Kardia apertar com mais força diante do peito. O amigo ficou pálido, fechou os olhos e desfaleceu.
– KARDIA!
O Aquário acorreu para ele e o conteve nos braços, impedindo-o de cair no chão. Com cuidado, ele o fez se deitar na grama e o esperou abrir os olhos, mas se ele não os abrisse...
– Você se prende muito às palavras, Dégel – disse Kardia, por fim, depois de inspirar profundamente. – Eu sempre te falei que ler demais iria te fazer mal.
– Deixe de falar besteira. Você precisa descansar.
Dégel estava visivelmente emocionado.
– Ora, o que é isso que vejo? Uma lágrima?
– Não diga nada, seu tonto – dizia, mais querendo que o outro ignorasse esse fato. Dégel não era de chorar. – Vou baixar a temperatura do seu peito para o coração voltar a bater normalmente.
– Obrigado. Acho que vou sempre depender de você.
Terminado o trabalho de salvar a vida de Kardia, Dégel inclinou-se e deitou a testa sobre a dele, para surpresa do Escorpião.
– Dégel...
– A minha vontade era de nunca mais vir te ajudar – disse o outro, tremendo. O seu cabelo longo enchia o peito ora calmo de Kardia.
– Mas você sempre virá me salvar, não é? – Kardia o abraçou.
Aquela lágrima divisada pelo amigo – apenas ela – enfim escorreu para umedecer a pele quente do santo de Escorpião. Como já se disse, Dégel não era homem de chorar.
– Sempre.
Por fim, ele respondeu, sofrendo com a consciência de que um guerreiro de Atena nasce para morrer cedo, vem a este mundo com o destino de morrer pelo amor na Terra, mas não de viver pelo amor da sua vida, Kardia mais que os outros.
– Sempre, Kardia...
FIM
~ O Coração do Escorpião ~
Fazia quase uma hora que Kardia estava sentado na poltrona da biblioteca particular de Dégel, o santo de ouro de Aquário, olhando o amigo folhear as páginas amarelas de um antigo volume impresso sobre a mesa. Os raios do sol recuaram um pouco desde que chegara ao palácio do amigo naquela tarde e este havia pedido para esperar que terminasse uma “rápida” pesquisa que estava fazendo.
– Eu já sei o que é “rápida” quando você se enfurna nessa biblioteca, Dégel. Às vezes você passa dias aqui e ninguém te vê.
– Por favor, Kardia. Eu estou fazendo essa leitura desde cedo e já estou terminando o livro – retorquiu o outro, sem olhar para a cara de espanto de Kardia quando entendeu que o amigo tinha lido aquele livro enorme em menos de um dia.
Voltando a olhar o antigo relógio de madeira fixado na parede, Kardia constatou que já se passara mesmo uma hora e não agüentou mais. Ergueu-se da poltrona e se postou por detrás de Dégel, levantando-o pelos braços e fechando o livro. Ainda faltavam umas vinte e cinco páginas para o santo de Aquário terminar a leitura.
– Já chega. Você vai perder o juízo desse jeito.
– Kardia, o que você...?
– Dégel, tudo em excesso faz mal, não sabia disso? E agora vamos! Dá pra ver como você está pálido de tanto que não toma sol.
Kardia, o santo dourado de Escorpião, arrastou sem muita dificuldade o companheiro de armas para fora do palácio e desceu com ele as escadarias das Casas do Zodíaco sem muita resistência.
– Muito bem, Kardia de Escorpião, já estamos aqui fora. E agora, o que pretende?
– Bem, eu só havia pensado em tirar você daquela biblioteca. O resto ainda não sei – respondeu o outro num gesto quase infantil, nada que lembrasse o mais terrível e ardoroso guerreiro do Santuário de Atena.
Mesmo sem seus trajes especiais – as sagradas armaduras de ouro forjadas pela deusa da sabedoria nos tempos mitológicos – todos os presentes diante da dupla sabiam quem eram os dois e os temiam, especialmente o de trejeitos mais abertos e espontâneos. Era Kardia, o homem que, com apenas uma unha, era capaz de levar à morte ou à loucura uma pessoa depois de torturá-la da forma mais sádica possível. Mas todos atestavam a sua honradez: ele só se permitia ser mau com quem era mau.
– E você simplesmente me arrasta dos meus livros para não fazermos absolutamente nada? Você não tem senso de inutilidade, não, Kardia?
– Calma, amigo! Eu só queria poder passar um tempo com você.
– Como assim? – perguntou Dégel quase sem graça. Kardia ficou vermelho assim que percebeu o teor de suas palavras.
– Bom, err... É que fazia tanto tempo que não andávamos juntos, não treinávamos juntos. As pessoas até têm comentado que os melhores amigos do Santuário não eram mais amigos.
– Que absurdo!
– Era o que eu dizia a eles, mas você também precisa fazer a sua parte.
Agora era Kardia quem jogava a batata quente nas mãos do parceiro. Ah, a terrível astúcia escorpiana...
– O que é que eu vou fazer se o meu coração bater forte demais, Dégel...?
A voz de Kardia saiu quase num sussurro, apenas para Dégel ouvir. Apelar para o seu problema de saúde era baixo até para o santo de Escorpião, chantagista nato, mas Dégel não tinha como declinar daquilo.
– Kardia, se sabe do perigo, por que se expõe tanto? – admoestou.
– Porque eu quero viver, Dégel.
O Aquário quase havia se esquecido dessa faceta do amigo. Mesmo tendo nascido com uma doença incurável no coração, ele costumeiramente se expunha a situações de risco e era Dégel quem sempre ia socorrê-lo, gritando com ele por que agia desse jeito. “Quer morrer?”, perguntava irritado. “Por que faz isso?”
“Porque eu quero viver”, era o que sempre respondia.
Tomando o amigo pela mão, Kardia correu com ele na direção do cemitério do Santuário, o lugar em que estavam sepultados os heróis do passado em túmulos bastante simples, na terra mesmo, marcados por lápides grotescas em que se liam apenas o nome do guerreiro (geralmente um nome especial, escolhido pelo próprio guerreiro), o nome da sua constelação protetora e o nível hierárquico a que pertencia – ouro, prata ou bronze. Na parte mais elevada se via um pequeno templo colunar onde se faziam os rituais de rememoração dos mortos. Por onde se olhasse, a grama verde tomava todo o espaço entre as colinas.
– Por que me trouxe aqui, Kardia? – Dégel estava deveras curioso.
Os olhos do Escorpião pareciam mudados. Ele estava mesmo neste mundo?
– Eu nunca te contei, Dégel, mas este é o meu lugar preferido no Santuário.
– Seu lugar preferido? – queria entender o outro.
– Para mim, não há lugar melhor para se pensar na vida e em como ela é curta. Mais do que qualquer outro no Santuário, eu tenho a consciência de que minha vida pode se extinguir a qualquer momento. Sei disso desde o dia em que nasci.
Kardia fez mais uma pausa e desceu pela grama. Estavam sozinhos. Raramente alguém ia até lá. O coração do Escorpião deu uma batida mais rápida.
– Olhando para todos esses túmulos, tudo o que eu sinto é um desejo ainda maior de viver o mais intensamente possível. Por isso eu ajo desse jeito louco, como você diz.
– Por isso você é como é – começava a compreender o outro.
– Quando eu desejo uma coisa, Dégel, eu desejo de verdade. Quando eu procuro uma coisa, me dôo de corpo e alma nessa busca e nada pode me impedir.
– E eu sou testemunha disso. É uma das suas qualidades mais admiráveis.
Kardia virou-se para ele e sorriu. Sorriu o sorriso mais luminoso que Dégel jamais viu.
– Obrigado, Dégel. Mas do meu melhor amigo eu queria ter muito mais que a admiração.
Antes mesmo que dissesse essas palavras, Dégel já havia lido naqueles olhos safirinos o seu anseio mais secreto. Como reagir a eles?
– Kardia...
O Aquário desceu o suave declive pelo mesmo caminho do amigo e deu-lhe a mão quando o outro pediu. A mão de Kardia estava tão quente...
– Eu sinto muito por demorar tanto em perceber.
– Acho que eu é que devo me desculpar, Dégel. Sempre fui tão exageradamente aberto que talvez, quando eu me esforçava por te fazer entender os meus verdadeiros sentimentos, você não os via.
– Eu é que somente me chateava com você.
– Você apenas se preocupava comigo, como sempre se preocupou.
A mão de Kardia estava mesmo bastante quente e isso não era normal. Dégel se inquietou quando constatou que a pulsação levemente percebida na ponta dos dedos do Escorpião se elevava.
– Kardia, você está bem?
Novamente aquele sorriso de Kardia, que o fazia parecer estar em outro mundo. Talvez fosse verdade que todo escorpiano transitava entre o mundo dos vivos e o dos mortos com a mesma facilidade. O olhar cristalino do amigo não deixava dúvidas: sim, Kardia vivia entre os dois mundos e talvez fosse por isso que ele não temia a morte.
O mais emotivo dos dois levou a mão ao peito, apertando a camisa, mas sem esboçar dor alguma no rosto.
– Kardia, o seu coração...!
– Não se preocupe, Dégel. Eu sempre soube que seria assim quando esse momento chegasse.
– Do que você está falando?
– Algumas das vezes em que você me socorreu fazendo meu coração esfriar com o seu poder de controlar as baixas temperaturas foi porque eu ficava imaginando este dia, o dia em que abriria o meu coração para você, mas dizia que havia passado mal por treinar demais.
– Kardia... Por que não me disse antes?
– Dizer, Dégel? Eu queria que você sentisse.
Dégel não sabia o que dizer diante de tudo aquilo. Ele viu a mão de Kardia apertar com mais força diante do peito. O amigo ficou pálido, fechou os olhos e desfaleceu.
– KARDIA!
O Aquário acorreu para ele e o conteve nos braços, impedindo-o de cair no chão. Com cuidado, ele o fez se deitar na grama e o esperou abrir os olhos, mas se ele não os abrisse...
– Você se prende muito às palavras, Dégel – disse Kardia, por fim, depois de inspirar profundamente. – Eu sempre te falei que ler demais iria te fazer mal.
– Deixe de falar besteira. Você precisa descansar.
Dégel estava visivelmente emocionado.
– Ora, o que é isso que vejo? Uma lágrima?
– Não diga nada, seu tonto – dizia, mais querendo que o outro ignorasse esse fato. Dégel não era de chorar. – Vou baixar a temperatura do seu peito para o coração voltar a bater normalmente.
– Obrigado. Acho que vou sempre depender de você.
Terminado o trabalho de salvar a vida de Kardia, Dégel inclinou-se e deitou a testa sobre a dele, para surpresa do Escorpião.
– Dégel...
– A minha vontade era de nunca mais vir te ajudar – disse o outro, tremendo. O seu cabelo longo enchia o peito ora calmo de Kardia.
– Mas você sempre virá me salvar, não é? – Kardia o abraçou.
Aquela lágrima divisada pelo amigo – apenas ela – enfim escorreu para umedecer a pele quente do santo de Escorpião. Como já se disse, Dégel não era homem de chorar.
– Sempre.
Por fim, ele respondeu, sofrendo com a consciência de que um guerreiro de Atena nasce para morrer cedo, vem a este mundo com o destino de morrer pelo amor na Terra, mas não de viver pelo amor da sua vida, Kardia mais que os outros.
– Sempre, Kardia...
FIM
Ayn, que delícia!!! :aah:
ResponderExcluirNaturalmente, foi uma felicidade escrever esta fanfic e estou morrido por ter ganhado com ela o Concurso II.
Grande beijo pra tod@s voces e muito obrigado por terem lido, comentado e votado nela.
Meu Soulmate sempre me matando de orgulho!! *.*
ResponderExcluirEssa fic é lindíssima, eu morro toda vez que releio!
nossa, parabéns, muito linda a historia.
ResponderExcluirsó ficou meio gay né, mas emfim..
Amei a fic,ta de parabéns :') queria muito um beijo nessa historia ai poxa :')
ResponderExcluirMelhor casal sz