9 de novembro de 2010

Glee: The Rocky Horror Glee Show (2x05)


Tenho muito, MUITO a dizer desse episódio. E isso me deixa um pouco preocupado, já que não tenho certeza se vou conseguir me lembrar de tudo. Além disso, já digo de antemão que acho impossível fazer uma review sem comparar o filme e a série.

Acho que a primeira observação, de todas, é: quem assistir ao episódio sem assistir ao filme terá uma concepção muito diferente de quem viu os dois. O musical bizarro de 1975 é uma referência até hoje (tanto por sua ousadia quanto pelos efeitos especiais visivelmente escrachados). Não sei como se deu na FOX americana (digo, se eles exibiram o filme ou não antes do seriado), mas, só pelo comentário de amigos que viram o episódio, eu me senti obrigado a ver o musical primeiro. E não me arrependi, para falar a verdade: o filme é um tanto explícito – e imagino que ele deveria ter uma censura altíssima quando foi lançado – e logo fui imaginando como o episódio de Glee reproduziria aquilo. E, lógico, vieram à minha mente as cenas que pude confirmar: censura, briga pelo cancelamento, conflitos entre a temática do filme e a necessária preservação dos alunos.

Durante o decorrer do filme, procurei absorver tudo o que o RHPS (sigla do filme, diferente de RHGS que é a sigla do episódio de Glee) teria de similar ao episódio, e nem tive que me esforçar muito para isso. Além do fato de RHPS também ser da FOX, e estar completando 35 anos em 2010. Mesmo que eu tenha errado muitas das teorias, foi basicamente isso que consegui:

- O nome da atriz que interpreta a Magenta: Patricia Quinn. Eu jurei que fosse aparecer qualquer referência/piadinha quanto a isso, mas não aconteceu – mesmo que, no final, ela tenha ficado com o papel da Magenta.

- Dr. Scott na cadeira de rodas: A cara do Artie. Ah, isso eu tinha certeza que ia acontecer. Dito e feito.

- Susan Sarandon se parece muito com a Jayma Mays, tanto na aparência quanto na voz, e Barry Bostwick lembra bastante o John Stamos, mas isso não foi aproveitado no episódio – somente a parte em que Emma canta Touch-a Touch-a Touch Me.

- Rocky: na hora em que ele apareceu, imaginei que seria interpretado pelo Sam. Às vezes, acho que algumas coisas (como a cor de cabelo dele) já foi premeditada para dar mais semelhança ao filme quando chegasse esse episódio.

- A bissexualidade de Magenta e Columbia: achei o plano de fundo perfeito para que elas fossem interpretadas por Brittany e Santana (e, em partes, não me enganei).

Certo. Agora que já falei tanto do filme, é melhor começar a falar do episódio (até porque a review é do seriado, e não do musical).

Espero que não interpretem isso como comentário shipper, porque não é, mas se tem uma coisa que marcou essa série, foi a capacidade do Will de tomar decisões egoístas e que rebaixam seu caráter em muitos pontos. Ele parece meio impulsivo – e isso eu já havia percebido em outros episódios – e faz muitas coisas infantis quando não está completamente “lúcido”. Toda essa situação que fica entre ele, Emma e Carl faz do triângulo uma bomba com pavio aceso. Mesmo vendo que Emma está progredindo muito na luta quanto ao seu transtorno, ele só pensa em tê-la de volta utilizando golpes baixos. Falando em “progredir”, achei absurdamente forçados os indícios de melhora – para alguém que nunca conseguira se aproximar de um vidro embaçado ou coisa parecida, agora ela já vai para cinemas em que todos jogam comida em todos. Assim, de uma hora para a outra. O Carl é um homem ou um elixir da perfeição? Se for assim, o diretor está decretando que o casal ficará junto, mas e como fica a declaração de que Stamos vai sair no hiato?

Outra atitude preconceituosa do Will foi na aparente facilidade com que ele escolheu os personagens para interpretarem os papéis originais:

- Finn e Rachel como Brad e Janet;

- Kurt como Frank N. Furter (só porque ele é gay? Às vezes, me revolto com a direção do seriado por não manter a personalidade do Will. Em uns, ele é compreensivo e ético, e em outros ele é... Assim);

- Artie como o Dr. Scott – mesmo que eu tenha achado que foi uma coincidência (será?) maravilhosa, e uma ótima oportunidade para o cadeirante;

Outro comentário que gostaria de fazer é que adoro toda vez que Becky ganha destaque na série. E a fantasia de Sue Sylvester foi uma sacada genial. Falando em Becky, acho que ficaria bem engraçado se, após a cena da gravação do Sue’s Corner, ela aparecesse com uma bolsa/cesta cheia de chocolates dados pelo Will. Ficaria engraçado. E falando em Sue: bom, essa se manteve como sempre deve ser – preocupada apenas com a irmã e consigo mesma, cruel e desmedida. E a reação dela foi muito boa quando Will disse que cancelaria o show. Ela realmente me enganou com aquele papo de civilidade e preocupação com as crianças do McKinley. Eu tinha que ter percebido isso quando Will anunciara que, por falta do Dr. Frank, eles cancelariam o musical. Mas eu meio que apostei na possível bondade da Sue e imaginei que aquela expressão fosse de frustração por não poderem fazer mais o musical. Mas, é claro, enganei-me.

Como eu já havia lido em algum lugar, o 2x05 definitivamente não foi lugar para discussões de relacionamento entre os alunos – no máximo, o problema de autoafirmação do Finn quanto ao próprio corpo (mas isso eu até entendo, porque ele realmente era “gordo” no começo da série) -, como pudemos conferir. Ora Will e Carl discutiam, ora Sue maquinava mais um plano maligno, ora Will e Emma falavam (ou cantavam sensualmente) sobre o relacionamento.

Antes das músicas, um momento “desabafo”:

- A reação da Quinn foi muito estranha. Elogiar assim o Sam deixou muito na cara o “relacionamento” deles. Não que eu seja contra, mas algo mais sutil ficaria melhor;

- Que confiança Mike tem na voz? Ele não cantou, ele falou! Nem rap ele fez, e isso já seria um grande avanço.

- Por quê Carl foi brigar com Will? Ele não propôs à Emma que tirasse a roupa dele, nem ficasse se esfregando daquele jeito. Não achei certo.

- Brittanny e Santana não tinham brigado? Como elas aparecem felizes uma com a outra, e do nada? Nem um olhar que prediga reconciliação...

- Achei super esquisito o papo entre Finn e Sam sobre o corpo. Não estou falando de homofobia, mas exatamente o contrário disso. Eles falaram tão tranquilamente sobre “tanquinhos” e “gordura” como se corpo fosse um assunto sem preconceitos entre os garotos do McKinley.

Músicas do Episódio

Pra evitar repetições, é bom saber que todas as músicas do 1x05 foram executadas no filme.

01.          Science Fiction/Double Feature
Logo no início do episódio, já vi que esse seria diferente. Os lábios cantando a música de abertura do filme, para depois ficar preto-e-branco e aparecer o nome do episódio, foi tudo muito bem-feito. A música, na voz da Naya Rivera (embora eu não tenha notado que era ela no começo) foi uma compilação literal da original, já que a preocupação era apenas lembrar o expectador do filme em que as mesmas cenas são reproduzidas. Nem vou comentar da qualidade dessa versão em detrimento da outra, já que estaríamos comparando um filme de 75 cujo propósito era ser bizarro mesmo, com um seriado musical onde todos são bons cantores e ótimos intérpretes.

02.          Over At The Frankestein Place
Em relação à original, também achei essa superior. Lea Michele conseguiu dar vida à personalidade de Janet (coisa que não é muito difícil, já que Rachel adora um melodrama), e Cory Monteith ficou muito fiel ao personagem de Brad – até a voz eu achei melhor (e isso não é culpa da bizarrice do filme, é que o tal Barry Bostwick não sabia mesmo fazer um dueto bom com a Susan Sarandon). A caracterização e o cenário do musical também ficaram muito bons, na medida do possível. Não achei que precisassem aparecer os personagens secundários do filme na cena, mas isso é algo que se pode relevar. O que deixou realmente a desejar foi a ausência da parte do Kurt (Chris Colfer) na versão do seriado. Enquanto o single dá a parte dele com maestria, na série nem ouvimos sua voz na música.

03.          Dammit Janet
Mais uma vez, senti que a voz do Cory vem melhorando. Em uma pequena releitura de qualidade (que não deixou as raízes, é claro, pois a parte do backing vocal com os três dizendo “Janet” e “Brad” foi impagável), ele conseguiu uma nota bastante alta sem ter que “gritar”, e a letra foi bem preservada. Como sempre, um dueto entre Cory & Rachel, mas acho que já deveríamos estar acostumados com essa preferência dada aos dois.

04.          Hot Patootie
Uma frase para isso é: como o Stamos canta bem! Talvez tenha rolado um auto-tune, já que ninguém estaria muito preocupado em manter a voz original do Carl. Mas, se não tiver passado por edições, a voz dele é realmente boa, e sua presença na série pode se mostrar uma boa aquisição, também, para o mercado musical em que Glee está inserido! A voz dele é limpa, e ele consegue algumas notas altas com tranquilidade – além da desenvoltura que ele tem na performance da música (carisma que conquistou os membros do Glee club). Mas a melhor parte, tenho que admitir, foi a cara do Will vendo o sucesso do rival.

05.          Sweet Transvestite
Das músicas, a mais alterada – e, para mim, a melhor. Achei bastante forçada a parte em que Mercedes se oferece para ser o travesti, mas digo que foi uma escolha acertadíssima! A música ficou maravilhosa, e MUITO melhor que a original (não gostei muito da voz do Tim Curry). Essa música mostrou que Amber Riley não perdeu a potência vocal (eu tive medo que isso acontecesse desde o 2x03), mas pelo contrário: mesmo com uma voz mais fina e apurada, ela alcança notas altíssimas. E, além do mais, sua performance como a releitura do travesti foi muito bem feita. O próprio ritmo da música ficou mais acelerado, e a dinâmica do cenário ajudou a mobilizar a cena e dar um ar frenético aos personagens. Tudo isso é só para dizer que amei o resultado. Tudo bem que eles alteraram algumas coisas na letra (como trocar o “Transexual” por “Sinsational” – trocadilho entre as palavras Sin [pecado] e Sensational), mas o geral ficou perfeito.

06.          Touch-a, touch-a, touch-a, touch me
Do mesmo jeito que achei impossível a recuperação tão rápida de Emma, tampouco consigo imaginar essa cena do jeito que aconteceu. Emma se jogando em Will, literalmente, se agarrando nele, fazendo coisas que a própria Janet não fez com Rocky no filme. Por mais Wemma que eu seja, e por mais que tenha gostado, como estou avaliando o episódio não poderia deixar de comentar isso. Ela praticamente surtou, de uma hora para outra, e se entregou à personagem de Susan Sarandon. Como isso seria possível?
Seja como for, a letra casou muito bem com a situação (e era bem familiar à realidade de Emma), além da voz, que ficou muito parecida. Algo de que também gostei foi a inserção de Brittanny e Santana como voyeurs, da mesma forma que Magenta e Columbia em RHPS.

07.          Time Warp
A música fechou o episódio com chave de ouro. Depois de reviravoltas e contratempos, agora os membros do Glee apenas festejavam e se divertiam no palco. Algumas novidades apareceram, como a espetacular ascensão da Dianna Agron no meu conceito – ela cantou muito bem nesse episódio. Em detrimento das primeiras músicas, em que eu sentia uma dificuldade imensa em conseguir fluidez na voz, dessa vez o solo ficou irretocável. Heather Morris (Brittanny) e Jenna Ushkowitz (Tina) também tiveram seus momentos de solo, todos muito bem executados. Kurt ficou apenas com falas compassadas, dando os tons altos para Finn interpretar. E Rachel, como muitos queriam – eu acho – não roubou a cena como em tantas outras vezes.

Ao final, concordei com as palavras do Sr. Schue: Rocky Horror é a cara do Glee.
Sem as pornografias, é claro.
Ou não.

2 comentários:

  1. Eu gostei muito desse episódio, mas tb me incomodou a rapidez que ele escolheu Rachel e Finn como os protagonistas. Acho q eles dão mt atenção para eles e, apesar da voz da Lea ser mt boa, a do Cory não é tanto assim. Tem melhores cantores do que ele e, bem, cansa todas as músicas sendo cantadas por ela, né? É um coral, não o show dela.

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  2. É como se a Rachel fosse a Nicole Scherzinger do Glee :B

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